terça-feira, 21 de agosto de 2007

Imensurável poder


Vosmicê já indagou sobre os limites e a imensurável capacidade de expansão e inflação da vaidade, do capricho e da "volubilidade" humana? Pois é, meu caro. Receio informar-lhe que não existem, aqueles. Se você já se surpreendeu quando ouviu falar d'uma criatura que se submeteu a um transplante de rosto, ou d'outra que tatuou-se 97,5% do corpo com imagens de incontáveis e indistingüíveis diferentes espécies de borboletas, não o faça mais.
O ser Humano é um semovente dialético, acima de tudo. A sua existência está substancialmente, intrinsecamente, peremptoriamente e nucleicamente vinculada à contradição. Mas não a uma simples contradição, por vezes equivocadamente conceituada como sinonímia de ambigüidade ou de uma mera dicotomia. A contradição presente no bojo da História da Raça Humana está no conflito entre a vida e a morte. Veja bem, caro leitor; observe que tal conflito é "indescusturável"; as ligações de ponto de hidrogênio, nem elas esboçam a leviandade da comparação. Na relação vida/morte, a contradição é interna; não há vida sem morte e vice-versa; os dois conceitos são indissolúveis entre si.
Dessa forma e diante dessa conclusão(que, por grande parte da população, é absolutamente ignorada) os seres humanos buscam preencher a ausência de sentido da vida e afagar as dores desse vazio dedicando-se ao que atribuem tanto melhor para si. Uns dedicam-se à produção de cenouras, outros à produção de alimentos enlatados; alguns tantos dedicam a vida à perscrutação dos hábitos sexuais dos ornitorrincos, ao sadomasoquismo, à xenofobia e ao ódio à etnias diversas, ao futebol, à autoflagelação, ao desvio de verbas públicas, à religião e à peregrinação, a meter-se a ler Karl Marx traduzido para o português, à publicação de excrementos e excreções, respectivamente, repleto de solecismos e anedotas de mau gosto, entre outras agressões à lingüa portuguesa, em "blog's" (as aspas tem duplo sentido) cujos leitores são pobres diabos desafortunados por serem coagidos a se submeter ao infortúnio de lerem textos de 5º categoria e estupefazerem-se nos labirintos de mentes regressas e ineptas, entre outros "passa-vida", convictos de estarem fazendo a coisa certa, já que a convicção é a pior das negações da razão e da mutabilidade da realidade e a melhor das ilusões.
Por fim, é nessa poliversalidade infinitamente diversa que está o encantamento da natureza humana. Enqüanto a certeza não nos cerca a razão da vida, nem os especialistas desvendam-lhe o segredo.

2 comentários:

Marcelo Mendonça disse...

Tempos após, como estivesse esse blog melancolicamente abandonado, volto eu aqui, munido de minha própria melancolia - talvez para que esta interaja com a do blog -, e ao reler este texto, concluo: o melhor texto seu (Marraus) que tive a singular opotunidade de ler.

Grato.

Tão disse...

incrível como "estupefazerem-se" é interessante.

nunca tinha reparado.

como diria nosso professor Caio, morte e vida não constituem antonímias.

entre outras coisas legais desse seu imensurável poder deescrever