quinta-feira, 1 de novembro de 2007

1998



Iam-se, então, 1998 anos desde o nascimento de Cristo. Estava eu a cursar a quarta série do ensino fundamental (ou médio 1º cíclico, para os velhinhos). Era um ano que se demorava a passar, assim como todos os anos letivos do Sistema escolar nacional de Educação.
Eram tempos de mudanças: FHC reelegia-se presidente da República, César Borges assumia o Governo estadual da Bahia, apareciam-me os primeiros pêlos pubianos, e com eles outros olhares, agora norteados por um sucinto e incipiente instinto reprodutor.
De mim poder-se-ia dizer, em suma, um jovem acanhado; assim como se diz daqueles que não foram agraciados pela simetria das formas físicas. Tinha a estatura não muito comum à minha idade, era corpulento, posto que dotado de relativa agilidade, possuia um sorriso papalvo, não menos atraente do que o sorriso daqueles que sofrem de incorreções ortodônticas; perdia-me de deleite sob o vício de joguinhos eletrônicos, e quando havia coro, dedicava-me, como se fosse o último, ao "baba na garagem", de onde aprendi diversas sensações e emoções, apesar de nunca ter sido educado em tais matérias.
Foi ai, desse jeito que me iam as coisas, quando recebi o meu primeiro estímulo tácito, que se traduziu numa latente alteração do comportamento da minha genitália. E não foi com uma fêmea da minha idade, como presume a leitora mais perspicaz. A minha primeira experiência como macho foi proporcionada pela minha professora, mais precisamente por suas vistosas, opulentas e voluptuosas ancas. Explico-me. Éramos eu e meu colega, do qual não tenho mais notícias, os infratores da moral e da ética - palavras essas que a nós não nos alcançavam os seus significados, sobrando-nos apenas a honradez de curvar-nos diante da soberba e da autoridade dos adultos, que as proferiam com bastante desenvoltura. O local do delito era a nossa sala. Esta se compunha de uma estrutura não muito ampla, o que acabava por produzir, haja vista o excesso na oferta de carteiras, "corredores" pelos quais transitavam os transeuntes. O plano consistia no seguinte: burlávamos a disposição das filas de carteiras, de forma que reduzisse a área de passagem da porta à mesa da professora; posicionávamos estrategicamente. Dessa forma a roçada era inevitável; induzíamos o contato com o tal do ventre professoral desejado dispondo nossas mãos na parte externa da carteira, então preparávamo-nos para aquele ir e vir de células adiposas glutéicas, que contemplavam-nos com momentos de prazer e lasciva.
Exceto pela percepção e decodificação do tilintar do sino que nos concedia a liberdade provisória, esse era o nosso momento de grande prazer; aquele que nos concedia horas de olhares perdidos no espaço e de noites perdidas em claro. Aquelas ancas; belas ancas.

5 comentários:

Marcelo Mendonça disse...

Devolvo a congratulação anteriormente concedida a mim. Explicou bem sua condição atualmente verminosa - ou, talvez, a de um ex-verme recém recuperado.

Anônimo disse...

uhuhuiehiuehheheu...

ta parecendo aquele pivete de anos incriveis narrando..

marraus seu pevertido.. fikava roçando na professora..

eueaheaheahieaiuea

Anônimo disse...

Pena que eu já conhecia toda essa história. Mesmo assim, ótimo texto! Ainda abusou de algumas palavras de sentido não conhecido por pobres mortais, mas melhorou bastante em relação aos anteriores.

Continue assim e prometo ler mais textos seus!

young vapire luke lestat disse...

QUE BELA MANEIRA DE SE DESCREVER UM TARADO JUVENIL....
Gostei muito do texto


[]s p/ trás

L.Saksida

Anônimo disse...

Hahaha! Muito bom ^^ Adorei a maneira como você escreveu. Parabéns!

OBS: Me identifiquei contigo. Eu fazia a mesma coisa... Mas não com a professora (seu maluco!) As minhas vítimas eram as colegas de classe mais anatomicamente privilegiadas mesmo =D