quinta-feira, 21 de junho de 2007

O Polegar de Terno



Alguém que por ventura se embarace nas tortuosas veredas das leis, que quase sempre regimentam as sociedades humanas, de fato precisará contratar – ou, para os lascados, solicitar ao estado – um [nem sempre] bom advogado.
Se você meteu os pés pelas mãos, não hesite; ele é o cara a ser chamado.
Logicamente, espera-se desses elementos, que encontrem portas secretas em becos sem saída; que troquem o dito pelo não dito, ou ajustem o mal dito aos termos deste primeiro; que façam contatos imediatos de terceiro, quarto, e até quinto graus com figuras convenientemente influentes; enfim, que façam e aconteçam, e se preciso for, façam até chover. Para tanto, estes ilustres elementos se preparam durante anos, esmiuçando ao cume os complexos conceitos e desdobramentos de páginas e mais páginas recheadas de artigos, parágrafos e incisos que compõem o inventário do sistema legislatório nacional. Este último, possuidor de um dinamismo tal que remete à vida (ao modo vegetal): incessantemente cresce, se ramifica, se modifica, se adapta, é podado e enxertado, tudo isso contribuindo para que os pobres advogados nunca deixem de estudar, exigindo que estejam em constante updating. Pobres advogados.
O irônico dessa história toda é que a estrada é de mão-única; para se agir dentro das conformidades da lei não é necessário estudá-la por anos a fio, bastando, para isso, seguir alguns poucos conceitos comportamentais convencionados como éticos, transmitidos pelas mais diversas entidades e meios – família, escola, igreja, TV (essa, nem sempre, é verdade), Os Dez Mandamentos, o Manual do Bom-mocinho da Tia Lulu, e por aí vai. Estes pequenos conceitos têm a conveniente vantagem de serem deriváveis – basta saber que não se deve fazer a outrem o que não se deseja a si próprio, para evitar um sem-fim de percalços judiciais, incluindo aí matar, roubar, estuprar, bater, etc. Essa versatilidade garante ao indivíduo, em sua singularidade, o poder de interagir com o sistema regulamentar sem intermediações, deixando assim de incomodar nossos estimados advogados.
Visto isso, me vem a dúvida: Porquê diabos então não criam um sistema de leis simples e derivável? Por acaso seria este um objetivo impossível de se alcançar, ou interessa aos maestros da sociedade que o sistema vigente se perpetue, apesar das falhas e inconveniências costumeiras?
Não sei... Penso eu que anos após “subir” à lua e descer às profundezas do mar, após computadores e aceleradores de partículas, e principalmente após o desodorante de spray, o homem tiraria essa de letra.
Mas, pensando bem, esse seria o holocausto dos queridos advogados. Oh não, que tragédia!
Já os vejo clamando: “Oh, e agora, quem poderá nos defender?”.

15 comentários:

Anônimo disse...

eh....
tenho q admitir... o texto ficou legalzinho, ficou mais ''dinamico'' e divertido do ler.
esses 'elementos' auhweuhweuhauehauehae.
se vc continuar assim um dia(daki a uns anos) poderei dizer q seus textos estao bons.
mande marraus dar uma lida...

Unknown disse...

Cara, quando vc nao dá uma de gay escrevendo seus poeminhas de rima "pobre", como Marraus faz questão de ressaltar, vc redige excelentes textos. Parabens, vc conseguiu passar claramente oq vc quis dizeer quando deliberávamos sobre o tema que serviu de espeque para a sua obra. inobstante seja um texo concatenado e lógico, o meu conhecimento de causa permite que eu assevere que suas ideias, embora racíonais se tornam inaplicáveis à realidade fática. Afirmo isso, pois o ser humano tem como característica principal a maleabilidade de suas idéias e pricípios a depender da situação em que se encontre.
Assim são os juízes, promotores, procuradores e os tão criticados advogados--pedintes-- e as proprias partes envolvidas no litígio. Todos têm seus pontos de vista, interpretações diferetes de um mesmo texto normativo; ai é que está a beleza do direito, a sua versatilidade e mutabilidade... Valeu Chêco, boa viagem, volte logo pra escrever novos poeminhas de mocinha aviadada. Abraço

Marcelo Mendonça disse...

O problema é justamente esse, Chêco; na hora de agir, as pessoas contam tão somente com o próprio juízo, e, por vezes, com conselhos alheios - que se fossem bons, seriam vendidos, como diz o ditado -, mas quando precisam prestar conta desses atos, surge uma terceira figura, que não participou da cocepção e execução do ato, mas que falará em nome desse indivíduo quase como se fosse o próprio, e pior: usando técnicas para modelar as idéias de forma conveniente, com o único objetivo de obter lucro. Ou seja, o que era pra ser algo imparcial, acaba, mais uma vez, tomando o viés capitalista e se submetendo à força do fluxo maior de dinheiro. Lamentável.

Jorge (Marraus) disse...

Tsc... Brumadense. O lucro é a garantia de que o trabalho será bem feito.

Marcelo Mendonça disse...

Também é possível garantir um trabalho bem feito por parte de assalariados. Nesse caso a barganha é o próprio contrato de trabalho. Juízes não lucram...

Unknown disse...

concordo com "Al" vulgo Daku...

No mundo do Direito seria inviável a criação de um sistema de leis simples ou genericos posto que cada litígio possui suas particularidades, e o texto legal serve de base para que o Estado-juiz possa exercer a tutela jurisdicional que lhe é concedida buscando sempre resolver a lidede forma pacífica. Sem a intervenção dos profisisonais do Direito (seja visando o lucro ou não - o que me força a concordar com marraus, de que o lucro é a garantia de um trabalho bem feito) nos conflitos da sociedade os proprios cidadaos se achariam perdidos. Uma vez que a parte autora ingressa em juizo pleiteando proteger direito q julga ser seu, o advogado mesmo sendo terceiro tem como objetivo garantir q seu cliente saia vitorioso e satisfeito, garantindo obviamente o seu ganha-pao. No entanto uma coisa é certa, as pessoas precisam aprender a resolver seus conflitos sem a necessidade de pedir a intervenção do Estado, isso contribuiria imensamente em favor da celeridade do sistema processual desse país, mas isto não faz parte do q esta sendo discutido aqui, apesar de considerar um asssunto intreressantíssimo para posteriores discussoes... bom, creio que não fui sucinto como queria mas eis a minha posição

Marcelo Mendonça disse...

Lucas, o que você disse é perfeitamente coerente, contudo, inadequado à uma postura contraposta à que demonstrei em meu texto. Eu explico: no texto, eu não defendi a desnecessariedade dos profissionais do direito - mais especificamente dos advogados - atuando no sistema vigente; pelo contrário, no início do texto explicitei que eles são "os caras a serem chamados". Minha crítica avança em outros termos; não sobre os profissionais da área, mas sobre a área; sobre o sistema vigente. Não concordo que seja o meio mais interessante de regimentar uma sociedade prever em livros imensos tudo o que é permitido e o que não é fazer, já que essa é uma idéia descabida em sua essência, uma vez que é impossível prever tudo aquilo que possa ocorrer nos desdobramentos dos relacionamentos humanos. Fui além e foquei minha crítica nos advogados - e não nos profissionais do direito como um todo -, pois no sistema sugerido - o derivável - os cidadãos poderiam interarir com o sistema de leis por conta própria, e não comprá-lo, como é feito hoje. Ou negas que, hoje, quem tem mais dinheiro tem mais vantagens ante o judiciário?

Jorge (Marraus) disse...

Existe Jurisprudência pra esses percalços jurídicos...

Marcelo Mendonça disse...

O sistema jurídico do Brasil não tem por tradição obedecer à jurisprudência e ainda que tivesse, não faria desnecessária a atuação de um advogado, que é o elemento para o qual meu texto focou sua crítica.

Anônimo disse...

Coitadinhos desses advogados, eles sao seres diferenciados, q sofrem pra caralho, q estao sempre tendo necessidade de estudar, entre outras coisas... Mas vai ver qto nao tiram por causa ganha? Quer ganhar dinheiro facil? Vai tere q ralar msm...

Jorge (Marraus) disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge (Marraus) disse...

O texto exprime bem a textura da situa�o atual do sistema jur�dico nacional. Um emaranhado de leis, portarias, decretos, entre outros, buscando sempre adaptar-se � realidade(em constante muta�o).
Todavia, a exist�ncia de advogados no mercado � nada mais que o reflexo de um fluxo de procura que anda em pari passu � evolu�o da estrutura social e das institui�es.
continua... Vou bater o b�ba!

Daluska disse...

sem política de boa viziança...
gostei do post, mt bem escrito, porém extenso, o que nos leva a crer que uma mente pouco fértil como vc mesmo disse... se perdeu em tantas letrinhas brancas ao um fundo preto...

mesmo assim gostei...

beijão, e já tomei a liberdade de indicar vc's ao blog com tomates... assim quer der dá uma passadela rápida lá no blog, não pra comentar , mas sim pra fz as indicações tb... beijinhos...

=D

Anônimo disse...

esse juizes...nem o chapolin pode te defender.

belo texto,parabéns !

abraço.

R Lima disse...

Qto mais difícil são as leis.. mais fácil é om roubou e a inoperância...

Isso é Brasil!!!




Estou divulgando meu blog... Estou numa sequência de 12 dias e 12 textos.. passa por lá.. o AveSSo agradece.


[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...