segunda-feira, 29 de março de 2010

Kombi


Já havia algum tempo que eu desejava trocar de carro. Para aqueles que desconhecem esta volúpia compulsiva e impetuosa da natureza humana, digo-lhes: cede aos gerentes de carteiras de crédito e faz-lhe as vontades.
Era o que eu pensava, no momento em que chegara a conclusão de que eu queria uma Kombi.
Poucos rapazotes, que andam lá pelos seus 22 anos, vislumbram a alternativa de trocar seu carro esporte por um automóvel de médio porte e design, digamos, pouco moderno, como é o de uma Kombi dos primeiros projetos. Eu o faço; e com todo gosto. Para mim, ela é a síntese de um carro útil, versátil, econômico, bonito, arrojado e de fácil condução.
É aquele carro que me levará aos cantos da Bahia; e não só a mim: na Kombi cabem todos (inclusive a mudança, os bichinhos de estimação, a piscina etc). E não concluam vocês que todo esse monólogo mental, que deveras ocupara-me o juízo durante os congestionamentos da cidade de Salvador, fizera morada em meu coração com toda essa facilidade. Pelo contrário. Até que eu me desse conta de que é uma Kombi que quero dirigir, levei uns meses talvez. Aos poucos ela me foi cortejando; aos poucos aquela idéia ia-me ocupando o pensamento, seduzindo-me... Até que, hoje, vejo-me absolutamente apaixonado.
Devo confessar também que este texto contribuíra deveras para me afogar ainda mais nesta paixão.
Eu ainda não tenho uma Kombi, como já devia ter concluído a leitora mais perspicaz, embora, muito embora, eu já esteja fazendo as minhas poupanças.

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